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| Unidade de produção da J. Assy Foto: J. Assy / Divulgação |
Dados da CNI divulgados nesta sexta-feira (7) mostram a segunda queda consecutiva do indicador; especialistas apontam juros altos e concorrência com importados como principais causas
O faturamento da indústria brasileira de transformação registrou uma nova queda em setembro, recuando 1,3% em relação a agosto. Este é o segundo mês consecutivo de baixa, já que o indicador havia encolhido 5,2% no mês anterior. Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta sexta-feira (7) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Apesar da sequência negativa, que acende um alerta para o setor no segundo semestre, o faturamento acumulado nos nove primeiros meses de 2025 ainda apresenta uma alta de 2,1% em comparação com o mesmo período de 2024.
O desempenho negativo de setembro não se restringiu ao faturamento. Outros indicadores importantes também apresentaram retração:
- O emprego industrial caiu 0,2%, interrompendo um período de estabilidade que vinha desde maio.
- A massa salarial real dos trabalhadores diminuiu 0,5%.
- A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) recuou de 78,3% em agosto para 77,9% em setembro, atingindo um patamar 2,1 pontos percentuais abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado.
Dois indicadores permaneceram estáveis na comparação mensal: o número de horas trabalhadas na produção e o rendimento médio real dos trabalhadores.
Contexto: Juros altos e importações recordes pressionam setor
Os números de setembro reforçam um cenário de perda de dinamismo que vem sendo alertado por economistas e pela própria CNI ao longo de 2025.
Larissa Nocko, especialista em Políticas e Indústria da CNI, analisou que a indústria de transformação vem perdendo força, movimento que se acentuou nos primeiros meses do segundo semestre.
"A demanda doméstica por bens industriais cresceu ao longo de 2024, mas perdeu força este ano. Isso se deve tanto aos efeitos dos juros sobre o crédito, que ficou mais caro e de mais difícil acesso aos consumidores, como também à penetração de produtos importados, que têm capturado parte relevante do mercado da indústria nacional", avalia Nocko.
A análise da especialista está em linha com o contexto econômico mais amplo. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve nesta semana a taxa Selic em 15,00% ao ano, um patamar elevado que, segundo analistas, visa combater a inflação, mas que encarece o crédito e freia a atividade econômica.
Além disso, relatórios recentes de veículos como a CNN Brasil já apontavam em outubro que a CNI projetava um crescimento menor para a indústria em 2025, justamente por conta dos juros elevados e de projeções de importações recordes para este ano.
Os dados da CNI também dialogam com os números oficiais do governo. No início da semana, o IBGE informou que a produção industrial geral do país (que inclui a indústria extrativa) também recuou em setembro, com baixa de 0,4%, eliminando parte do crescimento visto em agosto.
Embora o saldo acumulado de 2025 permaneça positivo para o faturamento e para o emprego industrial (que cresceu 2% de janeiro a setembro), o setor segue em estado de atenção diante dos desafios impostos pelo cenário macroeconômico.
Indicadores Industriais - Setembro - 2025 (PDF 521,8 KB)
Infográfico Interativo
Evolução (2019-2025) e Destaques de Setembro | Infográfico de Atualidade Política
Variação Mensal
-1,3%
(Set vs Ago 2025)
Acumulado no Ano
+2,1%
(Jan-Set 2025 vs 2024)




